Estudante do Bem | Feliz por Ajudar

Estudante do Bem

Vote no melhor Estudante do Bem

Em 2020, o tema “Exclusões na Juventude” traz imagens reveladoras sobre o tema ligado a questões sociais. Vote no estudante que revela maior sensibilidade e proporciona maior reflexão sobre a situação odontológica dos brasileiros.

Ação de Peso

Escolha a fotografia mais impactante feita por um estudante sobre a situação odontológica de vítimas de violência social, pessoas invisíveis para a sociedade e com marcas que causam deficiências funcionais.

Geyse Veloso Pianissoli

Nova Venécia/ES

Multivix

Geyse Veloso Pianissoli

Nova Venécia/ES


Essa poderia ser mais uma história de uma "Maria Banguela" como a de tantas outras espalhadas pelo país. Mas é a história da minha avó, Maria Poeys Veloso, 86 anos, que há mais de 50 anos perdeu seus dentes para a falta de recursos e de orientação. Ela tinha só 36 anos, era uma jovem senhora agricultora do interior do estado do Espírito Santo, casada e mãe de muitos filhos, tirava da terra o sustento para a família. Apesar da vida difícil e humilde, mantinha muita alegria em seu coração, adorava rir... Seu sorriso largo era sua marca registrada. Ela sofreu com a perda dos dentes, foram dias de dor, de cicatrização, sem conseguir se alimentar direito, como ela mesmo conta nas nossas conversas diárias. Vovó, constrangida, limitava seu sorriso sempre com muita vergonha da mutilação sofrida tão cedo. Deixou de fazer coisas simples da vida, até poder realizar o sonho de fazer uma prótese dentária. Hoje, se vê feliz em poder usar uma prótese nova, feita por um profissional qualificado. A antiga, feita há mais de 30 anos, a incomodava bastante. "Poder comer sem incômodo e sorrir com esses dentes lindos vale todo o esforço. Um dos nossos maiores bens é nosso sorriso."

Maria Ludmila Pereira Paiva

Luís Eduardo Magalhães/BA

Universidade Católica de Brasília

Maria Ludmila Pereira Paiva

Luís Eduardo Magalhães/BA


"A foto evidencia a realidade de muitas pessoas no Brasil. Sabe-se que, ainda que esses indivíduos sejam negligenciados e considerados como invisíveis para a sociedade, eles existem. Afinal, no Brasil, pessoas desdentadas com acesso precário (ou inexistente) ao tratamento dentário é algo mais comum do que imaginamos. Esta foto expõe tal cenário, no qual a pessoa fotografada representa uma das centenas de pessoas que, por questões de necessidades, não vêem a sua saúde bucal como algo urgente, uma vez que sua vida se torna uma forma de sobrevivência a cada dia. São exatamente esses indivíduos que em meio aos seus inúmeros problemas só precisam de um olhar mais cuidadoso de quem possa fazer algo por eles, para que seu sorriso prevaleça tanto quanto a sua força diante do seu estado de vulnerabilidade social."

Gabriela de Oliveira de Andrade

Brasília/DF

Universidade Católica de Brasília

Gabriela de Oliveira de Andrade

Brasília/DF


A ideia por trás da foto consiste em retratar a invisibilidade social sofrida por muito jovens e adolescentes. Por esse motivo, o retrato não se encontra identificado. Mesmo com muitos problemas bucais evidentes, esses jovens são negligenciados e ignorados, tal como fazemos com panfletos de propagandas, por exemplo, que não são vistos e simplesmente descartados.

Stéfani Malessa Baginski

Mariana Pimentel/RS

Ulbra

Stéfani Malessa Baginski

Mariana Pimentel/RS


O resgate do sorriso Um belo sorriso transmite felicidade, empatia, reciprocidade, leveza e quebra barreiras, mas e quem não sorri por vergonha de seus dentes? Ou será por não ter motivos para sorrir? Joelton (nove anos) diz ter vergonha de seus dentes e não tem vontade de sorrir. Já Mateus (oito anos) e Gracieli (cinco anos) relatam ter muita dor nos dentes ao se alimentar. Em uma cidade pequena do interior no Rio Grande do Sul, vive essa família um pouco diferente da convencional: a avó Ivonete e seus três netos. Os irmãos foram abandonados pela mãe há quatro meses, ela dava queixas no conselho tutelar relatando que não tinha domínio sobre seus filhos. O pai das crianças encontra-se preso há aproximadamente cinco meses e o motivo de sua prisão não foi declarado. Com isso, a guarda provisória foi passada para a avó paterna. No interior de Mariana Pimentel – cidade com 4.077 habitantes, sendo sua maioria descendentes poloneses - existem várias localidades, como a linha José Evaristo, onde moram famílias de diferentes etnias e reside a família de dona Ivonete. Eles vivem em uma casa cedida por um vizinho que se compadeceu com a situação, possui poucos cômodos, o chão é batido, paredes mofadas, azulejos caindo aos pedaços e telhas remendadas. Os poucos eletrodomésticos que a família tem foram doações. Eles possuem um quarto onde os dois irmãos dividem um beliche e uma cama de casal que dorme a avó e a neta. A renda da família é a pensão que a avó recebe, portam muitas dívidas e para se manterem necessitam de doações de cestas básicas da prefeitura da cidade. O Conselho tutelar sugeriu que a avó ficasse com a guarda das crianças, pois havia muitas ocorrências e reclamações sobre o comportamento da mãe em relação os filhos, os quais muitas vezes foram levados para um Abrigo em Barra do Ribeiro (cidade vizinha). Quando enfim chegaram na casa da avó, não possuíam roupas, brinquedos, alimentos, ou qualquer item de cuidado de higiene para crianças. Com isso, a avó ficou desesperada, pois não estava acostumada com crianças, mas, os aceitou porque não queria ver seus netos abandonados em qualquer lugar. Devido a esses acontecimentos, os filhos ficaram com transtornos comportamentais e psicológicos. O filho mais velho, Joelton, faz uso de medicações: Risperidona e Fluoxetina, pois fica muito agitado e revoltado. A mãe não controlava os horários dos remédios, o que acarretou uma piora na situação. Todos esses fatores geraram a necessidade deste menino de nove anos utilizar fraldas durante a noite. A avó luta incansavelmente para conseguir ajuda para conseguir comprar o mínimo para a subsistência da família, os remédios necessários e as fraldas do neto. Para irem ao atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS), a avó precisa percorrer a pé com seus netos cerca de 10 km, por não ter com quem deixar as crianças. Joelton necessita de atendimento psiquiátrico, psicológico e psicopedagógico, porém para o atendimento psiquiátrico a avó e os netos precisam se deslocar para a capital Porto Alegre. Os outros irmãos, Graciela e Mateus, também estão com a mesma necessidade de acompanhamento profissional, pois a avó não consegue auxiliar os netos para fazer o tema de casa, por não ter os conhecimentos necessários. Apesar de todas as dificuldades existentes, neste período de pandemia a família não está conseguindo agendamento para receber atendimento odontológico na UBS. A condição socioeconômica da família demostra vulnerabilidade com relação aos conhecimentos de saúde bucal. As escovas são guardadas na cozinha, juntos aos mantimentos e outros objetos, estão antigas e sem condições de uso. As crianças não sabem escovar os dentes, não têm orientações sobre a escovação dentária e a avó também não consegue controlar as vezes que eles escovam os dentes. Diante deste cenário de descaso e abandono por parte dos pais, é de extrema importância que isso não se repita com relação aos órgãos públicos, que devem zelar pelo cuidado com os menos favorecidos, acolher essas crianças e encaminhá-las para os serviços especializados, sendo mais que promoção de saúde, e sim, que elas apresentam uma outra perspectiva de vida, demostrar que não são invisíveis na sociedade e valorizá-las como seres importantes, que possuem um lugar na sociedade. Superando preconceitos e indiferenças causados por atos cometidos pelo pai das crianças, dores por abandono, dona Ivonete, no seu novo formato de família, sem a presença dos pais, tenta compensar as perdas de seus netos com amor, carinho e cumplicidade, pois independente de todas suas dificuldades, vivem na simplicidade, porém felizes por estarem juntos. Para eles, faltam dentes saudáveis para sorrirem com mais saúde e beleza, mas não cansam de buscar motivos para poder sorrir.

Cibelly Carvalho Kerr

Mantenópolis/ES

Faculdade Multivix

Cibelly Carvalho Kerr

Mantenópolis/ES


Era uma vez... Quem dera se a vida fosse como nos contos de fada. Sabe aquelas partes em que tudo na história dá errado, mas sabemos que no fim tudo acaba bem? A princesa branca e injustiçada termina no seu palácio e a bruxa má tem seu fim na miséria? Será que num conto de realidade, quem está na miséria é por que são os vilões? Já estariam sofrendo, pagando por suas mazelas? Sem respostas nem certezas. A vida maltrata os personagens desta história verídica, impõe a eles a dura realidade. Da vida de princesa ou de jogador famoso de futebol só conhecem estampas em roupas. O glamour? Só nos sonhos! A e L são os irmãos mais novos de uma família de quatro filhos, criados pela mãe desempregada. Moram de aluguel numa casa simples, vivendo da ajuda de pessoas e de alguns bicos da mãe, dividem o colchão de casal, em péssimo estado, para dormir. Crescem em um ambiente em que são tolhidos de qualquer individualidade, onde até o compartilhamento de uma escova de dente é algo corriqueiro e aceitável. “Meu sonho é ter uma escova de dente do Ben 10 só para mim e não ter que dividir com meus irmãos”, conta A. Tão pequenos ainda e tão íntimos da fome e do medo, verdadeiros vilões de uma infância. “As meninas da escola falam que eu tenho bichinho na boca”, conta o garoto. A coleta de latas de alumínio feita pelas crianças da família, em algumas partes da cidade, auxilia no sustento de todos, mas também comprova a subsistência à qual estão sujeitos. Nesse cenário, é difícil imaginar um final feliz. A pobreza surge com várias faces, numa, o sorriso escuro se esconde atrás da dor de uma sobrevida, noutra, o olhar, mesmo que tímido, é revelador: um grito de socorro implorando por um amanhã de dias coloridos. O riso branco que colore futuros poderia chegar em forma de varinha de condão ou uma simples escova de dentes para cada um trazida por uma fada madrinha, cujo efeito nunca acabasse.

Débora Soares de Souza Purcino

Araras/SP

Centro Universitario da Fundação Hermínio Ometto Uniararas

Débora Soares de Souza Purcino

Araras/SP


Concurso Estudante do bem. Foto tirada no domingo 11/10/20 da jovem Rayssa Vitória de 13 anos de idade, moradora do bairro rural Salve Jorge da cidade de Jacutinga, MG, enquanto ajudava sua mãe a recolher e armazenar lenha para uso doméstico. Por serem de família humilde, a mãe relata não ter dinheiro suficiente para compra de produtos de higiene bucal para todos os membros da família todos os meses. São quatro pessoas, sendo que Rayssa e sua irmã mais nova sempre têm que dividir a escova dental e esta não é trocada com frequência, devido à condição financeira de sua família. Esse bairro não possui rede elétrica nem água encanada, bem como saneamento básico. Foi entregue um kit de higiene oral para todos os membros da família.

Sara Êmily dos Santos Geltne

vila valério/ES

multivix

Sara Êmily dos Santos Geltne

vila valério/ES


Olá, me chamo V. M. P. A., tenho quase 14 anos, adoro estudar, estou fazendo cursos profissionalizantes pois já penso no meu futuro, sonho em cursar uma faculdade e tenho todo apoio financeiro e emocional da minha família. Essa seria a legenda ideal para essa foto, mas a realidade desta jovem é dura, muito diferente, impactante e desanimadora.V. M. P. A., é filha de uma família numerosa de trabalhadores rurais, sem escolaridade, do município de Vila Valério, região noroeste do estado do Espírito Santo, trabalha na roça desde sua primeira infância, seu suor e seu cansaço ajudaram a colocar comida na mesa. Não tem uma residência fixa pois cuida sozinha da sua avó de 75 anos e um sobrinho bebê, e às vezes a mãe vem visitá-la. Estuda em uma escola agrícola, aprende a lidar com as coisas da roça, não tem acesso a nenhum curso que incorpore o seu currículo afim de lhe ajudar a ingressar no mercado de trabalho. Acredita que seu destino já está traçado, SIC: “meu lugar é na roça”.V. M. P. A., não imagina que seu mundo pode mudar, sempre foi assim e assim será.Hoje o semblante em seu rosto mostra as marcas de uma infância sofrida, já que vive dias difíceis, sombrios e sem esperança, mas o seu futuro pode se tornar colorido.

Gabriele Cristina Lopes Medeiros

Jacareí/SP

Universidade Mogi das Cruzes

Gabriele Cristina Lopes Medeiros

Jacareí/SP


A frase para a foto: Quem te disse que caminhos paralelos nunca se cruzam? De um lado, a necessidade de amor, de cuidado, de humanidade. Do outro, a possibilidade de atenção, de empatia e de saúde. E cruzando tudo isso temos um sorriso feliz.

Marcella Marino Pereira

Juiz de Fora/MG

Centro Universitário Estácio

Marcella Marino Pereira

Juiz de Fora/MG


Escolhi essa foto, em representatividade a todas as mulheres. A todas as mulheres que sofrem com o machismo diariamente, que são julgadas por suas roupas, pelos lugares em que estavam e, mesmo sendo vítimas, são colocadas como culpadas. Com essa imagem, quero representar todas as mulheres negras, que sofrem com o racismo desde sempre. Todas as mulheres negras que são invisíveis e desqualificadas pela sociedade apenas por seu gênero e sua cor. A máscara simboliza não só o momento em que estamos vivendo no ano de 2020, mas também o silêncio que é imposto para a maioria das mulheres no Brasil. Com essa foto, quero mostrar sim todas as tribulações que as mulheres enfrentam, mas, além disso, quero ressaltar a força feminina e o poder que temos para lutar por respeito e igualdade. Meu desejo é morar em um mundo onde as mulheres possam sorrir livremente.

Guinther Carvalho Kerr

Mantenópolis/ES

Faculdade Multivix

Guinther Carvalho Kerr

Mantenópolis/ES


Fechem os olhos... Fecharam? Agora tentem imaginar um país com o maior número de dentistas no mundo. Consequentemente, você também já imaginou: “Nooossa! Esse país deve ter a população do sorriso perfeito!”. Mas paradoxalmente, este mesmo país é conhecido pelo apelido de “país dos banguelas”. Não parece fazer nenhum sentindo, não é mesmo? E não faz. Não precisa levar a imaginação para muito distante, essa é nossa realidade, estamos falando de Brasil, onde uma classe muito pequena tem recursos para manter a saúde bucal e vasta parte da população não tem consciência sobre cuidados básicos, muito menos condições para um tratamento digno, quando aparece um sinal de muita dor e o gatilho para a perda do direito de sorrir. Dona Penha engorda essa triste estatística. Fumante desde a infância, ela traz consigo histórias que refletem a desigualdade em todas as fases de sua vida. Os próprios dedos eram aliados na higiene oral, como era de praxe em Campo Alegre, interior de Minas Gerais, onde cresceu, fazendo precariamente a função da escova de dentes, ou melhor, não fazendo a função, porque jamais a substituiria. Com 15 anos, em um dos trabalhos como doméstica, ela conseguiu ter sua primeira escova de dente. "As meninas da casa tinham escovas e eu não, eu decidi comprar uma escova para mim e uma para minha irmã, e fiquei com minha escova por muitos anos, até o último dente”, conta. Quando se mede o tempo pela quantidades de dentes, é porque a indignidade chegou no seu mais humilhante estágio. Quando a escova de dente é um patrimônio que não pode ser trocado, já se pode encerrar o discurso meritocrático. Alguma ou muitas coisas deram errado nesse modelo social. Aos 20 anos, D. Penha sentiu uma dor forte no dente da frente, foi quando o farmacêutico, sim, não foram aquela quantidade enorme de dentistas, foi o farmacêutico que ordenou a extração de todos os dentes da frente — sem anestesia — para que não voltasse a incomodar. Semelhante tortura, porque ao trabalhador que reclama tortura era uma aclamada solução. Assim foram se passando os anos e os dentes continuaram sendo extraídos. Foram 9 dentes arrancados pelo “médico da farmácia” – conta D. Penha, mas, em uma situação extrema de dor, chegou a insana ideia de arrancar o próprio dente com um alicate e aplicação de soda cáustica em busca de alívio para aquele sofrimento. Hoje, aos 69 anos, mãe de 8 filhos, avó de 21 netos e bisavó de 5, Dona Penha reconhece que os prejuízos vieram devido à falta de oportunidades na trajetória de vida. Um dedo de prosa e é possível perceber muita timidez no olhar, mas são os gestos, como colocar a mão na boca para sorrir, ou nem ao menos sorrir, que nos fazem refletir sobre tudo que foi retirado de D. Penha: não só os dentes; foram tiradas a liberdade, a dignidade e em troca disso a vergonha. Seria compensador, que no fim da vida, D. Penha usufruísse do prazer de sorrir sem medidas.

Fernanda Teixeira Garcia

Mococa/SP

Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - FORP/USP

Fernanda Teixeira Garcia

Mococa/SP


"Mais um dia, acordo me olho mas não me vejo. Não me reconheço, pois só vejo a face do desgosto. São tantos sonhos deixados para trás, que hoje eu não posso vê-los, por estar nesse ciclo vicioso que se diz suficiente mas não dá nem para a cura de uma dor de dente." Minha foto retrata do lado esquerdo, um jovem desgastado, calado e imobilizado por estar no "ciclo vicioso" que seria trabalhar o dia inteiro para receber um salário mínimo no final do mês e ser suficiente apenas para alimentação, água, luz e aluguel. E esse ciclo insuficiente acaba cegando, impedindo esse jovem de olhar para itens essenciais como saúde e educação, representado pelo lado direito da foto.

Fernando Henrique Bichara Cardoso dos Santos

Volta Redonda/RJ

Unifoa

Fernando Henrique Bichara Cardoso dos Santos

Volta Redonda/RJ


Com sorriso largo fazendo festa pra feira e pra farra aos 66 anos, Enir retrata a fé na fera que defende suas crias. Aos 6 anos, a história era diferente. Vivia de esperancisse mas não podia viver somente com seu sorriso montada em sua magrela. O calo começa a apertar aqui. Sem imaginar o gosto mentado de uma pasta de dente e sequer conhecer uma escova, na roça, dividia os aposentos com mais dez irmãos. Aos 7 anos, na grande metrópole, dentro de um barraco pequeno, ser babá era a esperança de uma mesa mais regada. Dormia no serviço e voltava pro colo dos pais aos domingos, com permissão dos patrões, é claro. Sem estudos, mas com afinco, fora promovida a doméstica aos 10 anos. Melhores condições - eles disseram. Convicta de que não era a situação, mas sim o horizonte, perdeu suas digitais ao embebedar seus dedos em cloro líquido, todo santo dia, liquidando a sujeira de lençóis de linho e pijamas de seda. Aos 12 anos, sem identidade, ter dentes na boca era artigo de rico. Mas ora bolas: - Te dou emprego e também dentadura, resolvido! Aos 18 anos, ofereceu uma mordida do fruto proibido para o pedreiro que chegara no caminhão 44 para asfaltar a rua do bairro rico. Casou-se. Aqui entendeu toda a perspectiva. Enir faz questão de dar uma risada farta para infartar a miséria - de espírito. Confronto aqui, qualquer um a encostar em seu pulso, de olhos fechados, e não se confundir com o Maracanã lotado numa final entre FLAxFLU. Seu riso sempre transpassou sua perspectiva de vida e sem precisar mexer os lábios discursa um verdadeiro folhetim digno de uma reprise no horário mais nobre da TV.

Danielle Melhado de Moraes

Mogi das Cruzes/SP

Universidade de Mogi das Cruzes

Danielle Melhado de Moraes

Mogi das Cruzes/SP


"Invisíveis na sociedade" Olá turma do bem! Eu sou o Eurico, mais um ser humano invisível da sociedade. Infelizmente a vida não foi boa para comigo, nasci com retardamento metal e ainda criança meus pais vieram a falecer. Com poucos recursos, fui criado na roça pela minha tia, que ao longo dos anos, veio a falecer. Agora quem cuida de mim, é meu meio irmão. Nunca pude fazer um tratamento odontológico, pois o anestésico me causa convulsões. Onde minha vida se tornou um tormento, choro e sofro com fortes dores de dente. Apesar de todo este meu sofrimento, eu ainda continuo a sorrir!

Eduarda Lyssa Ribeiro Silva

Anápolis/GO

Unievangélica

Eduarda Lyssa Ribeiro Silva

Anápolis/GO


Um sorriso ingênuo de um menino de 11 anos com nanismo será escondido atrás de uma máscara, por conta do estado atual que vivemos. As alterações na oclusão agregadas a deficiência de crescimento, intensificam as violências psicológicas e invisibilidade social. As comunidades menos favorecidas são as que mais tem sofrido em meio a pandemia, mas isso não tem tirado a alegria e o sorriso daqueles que não podem passar por um procedimento cirúrgico ou ter um tratamento ortodôntico.

Iana Ferreira Castro

Governador Valadares/MG

Universidade federal de juiz de fora

Iana Ferreira Castro

Governador Valadares/MG


Essa é a Adriana Pereira Gonçalves e, por trás desses olhos brilhantes e desse sorriso, tem uma grande história. Adriana tem 53 anos e nasceu em Governador Valadares, interior de Minas Gerais, onde vive até hoje. Cresceu com seis irmãos e uma mãe viúva. Ainda jovem, teve três filhos: dois rapazes e uma moça. Seus dois filhos mais velhos já faleceram, um deles foi assassinado e o outro morreu após um acidente de carro, em menos de cinco meses. Sua filha mais nova tem hoje 23 anos e deu para Adriana uma neta, que hoje tem 5 anos. Atualmente, Adriana mora sozinha e está desempregada. Por vir de uma família muito carente e ser ainda muito nova, Adriana não se preocupava em cuidar dos dentes e conta, que não tinha condições de comprar pastas de dente, nem outros produtos de higiene bucal. Quando jovem, ela começou a ver que tinha cáries e com 16 anos, começou a perder os molares, chamados por ela de "pilão". "Na minha juventude eu comia muito doce, eu gosto muito de doce. Então, com esse negócio de eu comer doce, começou a dar as cáries, foi ai que eu comecei a perder os pilão e minha mãe era viúva, então eu quase não tinha dinheiro pra comprar pasta, essas coisas", conta Adriana. Aos 17 anos, Adriana engravidou do seu primeiro filho. Aos 18 começou a trabalhar para ajudar a mãe em casa e cuidar do filho. Ela trabalhava em um salão de beleza e ganhava menos de um salário mínimo, então não sobrava dinheiro para cuidar dos dentes. "Eu trabalhava no salão, eu era manicure. Então era pouco dinheiro. Dentista no Brasil é muito caro, dentista no Brasil não é pelo SUS, que você vai cuidar de uma saúde, vai fazer uma cirurgia, não é isso. É luxo, luxo, luxo mesmo. Quem pode cuida do seu e eu infelizmente não tive esse cuidado, nem tive essas condições", conta. Quando sua filha mais nova nasceu, ela tinha 28 anos e a partir dessa idade, começou a morar sozinha. Morou por muito tempo de "favor" na casa dos outros. Depois, foi morar com o pai de sua filha mais nova, que segundo ela, era muito ciumento e por isso, a agredia. "E muita das vezes, o pai da minha filha queria me bater. Aí tinha algumas ocorrências ne?! A gente tinha que chamar a polícia, mas não queria colocar na cadeia ne?!" Em uma dessas agressões, o rapaz que morava com ela quebrou o dente 11 dela, mas o dente não chegou a desprender do osso alveolar. Passado um tempo, ela foi em uma festa com seu irmão e querendo defendê- lo de uma briga, acabou sendo agredida e perdeu o dente por completo. "Eu fui defender meu irmão e foi todo mundo preso, depois liberaram, mas eu fiquei sem meu dente e fiquei sem namorado, porque eu fiquei com vergonha...Foi horrível. É horrível a gente não ter condição de pagar o dente. Se você não tem dinheiro, se Deus não levantar alguém pra poder ta te ajudando nesse lance de tratamento ortodôntico, não tem como um pobre cuidar de dente. Não tem como uma pessoa que não tem um salário, cuidar do dente, nem arrancar." Depois desses acontecimentos, ela foi em uma universidade particular da cidade, onde prestavam atendimento gratuitamente, e fez uma prótese do 11. Porém, hoje, esta prótese não está esteticamente favorável e os outros problemas dentários apresentados por ela, não foram solucionados. "Eu tenho vergonha de ir no dentista, eu tenho vergonha de abrir minha boca no dentista, porque minha boca é cheia de pedaço de caco de dente que eu não consegui tirar. Eu nunca tive condições de tratar, eu tive que tratar dos dentes dos meus filhos", conta chorando. "Desculpa... é vergonhoso...é humilhante... é péssimo. As pessoas sempre olham pra mim e acham que eu não preciso de nada. " Hoje, Adriana conta que tem muita vergonha de sorrir e que isso também atrapalha para ela conseguir um emprego. "Eu morro de vergonha, tô achando ótimo esse negócio do COVID, que eu tô usando máscara. Eu não consegui mais trabalho, é péssimo".

Lucilene Ultrei Parra

Suzano/SP

Universidade Mogi das Cruzes

Lucilene Ultrei Parra

Suzano/SP


Dona Ione Maria Souza Guimaraes da Silva, 57 anos de idade, casada, morada de Arujá/SP, tem uma renda de R$ 60,00 (sessenta reais) por dia como diarista. Natural de Buerarema Bahia, veio para São Paulo com 8 anos de idade para cuidar dos filhos de sua irmã e desde então sempre trabalhou como diarista. Apesar da vida difícil, sobrevivendo em situação de extrema penúria, se mostra uma pessoa extremamente feliz, porém muito envergonhada ao sorrir que até fecha os olhos. Diz que não gosta do seu sorriso e tem muita vergonha da situação. Diz que tem muito medo de dentista desde quando foi extrair o dente “do juízo” e que não possui condição financeira para tratar dos dentes. Menciona que tem fortes dores constantemente e que sempre faz uso de medicamentos por conta própria para aliviar as dores. Essa é a dona Ione, mulher guerreira, batalhadora, que apesar de todos os percalços da vida esbanja FELICIDADE!

Que tal ajudar a Turma do Bem a oferecer atendimento odontológico gratuito para jovens carentes e mulheres vítimas de violência?

O sorriso é sinônimo de autoestima e inclusão social. Sem ele é quase impossível arrumar emprego, fazer amigos, namorar e ser feliz. Faça agora sua doação e ajude mais gente a sorrir!

Doe já!